A dor no quadril é um assunto recorrente por aqui. Muitas podem ser a causa desse problema que afeta a rotina e limita os movimentos de quem a sente.
Fratura, artrose e lesão de tendão são alguns dos principais motivos ligados à dor no quadril. Se você pratica futebol ou corrida e está sentindo uma dor na bacia ou em um dos lados da articulação, saiba que você pode estar com sintomas de pubalgia.
Este problema não é restrito a praticantes de atividades, pois pode acometer diferentes tipos de pessoas. Porém, o nível e tipo de atividades realizadas exerce forte impacto na origem deste tipo de doença.
Entenda, de maneira prática, se sua dor está relacionada à pubalgia e aprenda o que fazer para se livrar dela.
O que é pubalgia?
Pubalgia significa dor na região da sínfise púbica, localizada abaixo do abdômen, entre as virilhas, bem no meio da bacia/pelve. Neste ponto temos a articulação do púbis e inserções de tendões da musculatura dos adutores (músculos internos da coxa) e do abdômen.
É um problema mais comum em pessoass do sexo masculino, sobretudo entre os homens que praticam futebol e corrida – principalmente a modalidade de corrida com obstáculos ou em terrenos irregulares, onde há mudança repentina no movimento.
Seu aparecimento pode ser acompanhado de uma dor súbita, que aparentemente surge do nada ou após um esforço além do comum – muito relacionado ao futebol, após esforço de chute. Mas também pode ser crônica, quando começa lentamente e persiste por um período superior a três meses.
A pubalgia também é chamada de hérnia do esporte, pubeíte e síndrome pubálgica.
Qual a causa da pubalgia?
A causa principal da pubalgia é a inflamação do local onde os dois ossos do quadril se encontram na parte da frente da pelve, conhecida como inflamação da sínfise púbica, normalmente causada pelo uso excessivo da articulação ou pela repetição de movimentos.
Dois grandes fatores estão relacionados à pubalgia:
- Desequilíbrio entre as tensões de força das musculaturas dos adutores e do abdômen: este motivo se justifica pelo fortalecimento anormal, fraqueza ou lesão da inserção de qualquer um destes tendões. Imagine um jogador de futebol que chuta muito forte com uma perna (geralmente a direita), mas não fortalece a musculatura da outra perna ou do abdômen para compensar esta força desproporcional na perna que chuta. Bingo! Ele pode desenvolver um desequilíbrio que gera uma lesão no púbis, causando dor.
- Lesão na articulação do púbis: no ponto anterior da pelve, nós temos a articulação que une os dois ossos da bacia, chamada sínfise púbica. Algumas doenças, como impacto femoroacetabular, sacroileite ou hérnia de disco, podem sobrecarregar esta cartilagem da articulação, originando também dor no púbis.
Quais os sintomas da pubalgia?
A dor é o principal sintoma da pubalgia. Ela pode se localizar na parte da frente do osso púbico, na parte inferior do abdômen, na parte superior e interna das coxas, bem como se estender ou estar localizada na virilha.
Em alguns casos, a pubalgia também pode afetar a região genital, fazendo com que pacientes do sexo masculino sintam dor ao realizar atividades sexuais.
Outros sintomas da pubalgia são:
- Sensação de queimação na região da virilha
- Dor que intensifica ao ficar em um pé só
- Redução nos movimentos do quadril
- Incapacidade para chutar no futebol
Como é a identificação e o tratamento da pubalgia?
Para ser tratada, a pubalgia deve ser analisada e identificada por um médico ortopedista.
Após a conversa e o exame físico, normalmente, a pubalgia é diagnosticada com exames de radiografia e ultrassonografia, ou ressonância nuclear magnética.
O tratamento deve ser feito baseado na correção da causa da lesão, ou seja, na raiz do problema, na disfunção que desencadeou o início da lesão.
No período inicial, de desinflamação, é necessário um repouso das atividades que sobrecarregam a articulação, inclusive atividades físicas como futebol, tênis ou corrida.
1. Tratamento conservador
Para a maioria dos casos de pubalgia, o tratamento conservador apresenta bons resultados.
O uso de antiinflamatórios e analgésicos costumam ser utilizados quando a pubalgia é recente, ou seja, quando a dor não permanece por longos períodos.
Nesses casos, o uso de remédios é sempre associado a um período de repouso.
Para estas lesões, que são consideradas agudas, podem ser feitas aplicações de gelo local, pois o processo inflamatório encontra-se em atividade.
Alguns pacientes podem se beneficiar do uso da infiltração. A infiltração no quadril é uma técnica que emprega o uso de medicamentos ou substância injetáveis para auxiliar no tratamento de muitas patologias ortopédicas. Ela pode ser realizada na articulação, no músculo, nervos ou tendões e geralmente faz parte de um conjunto de ações para a recuperação de uma lesão, não sendo indicada como tratamento único ou isolado.
2. Fisioterapia
A fisioterapia apresenta dois momentos muito importantes para a cura de uma pubalgia. Em um primeiro momento ela auxilia na diminuição da lesão e na cicatrização das estruturas inflamadas. Após este período, ela é feita para fortalecer os músculos e melhorar a função das estruturas ao redor da pelve.
Normalmente, a fisioterapia tem duração de semanas quando a dor é recente e o problema está em fase inicial, mas pode levar muito mais tempo nos casos em que a dor é crônica e o paciente apresenta descompensações articulares.
3. Cirurgia
Nos casos em que o tratamento conservador falhou e existe uma lesão específica para ser reparada, pode ser necessário a realização da cirurgia.
Porém, mesmo após a cirurgia, o paciente precisará contar com acompanhamento de um fisioterapeuta de forma associada com o médico especialista.
Porque tanta gente sofre com a pubalgia por muito tempo?
Muitas pessoas sofrem por anos com a dor no púbis porque não entendem que pode haver alguma predisposição à lesão ou um desequilíbrio por trás da patologia.
Vamos explicar melhor.
Suponha que um jogador de futebol apresente uma dor na inserção do músculo adutor com uma lesão leve. Após um esforço maior ele começa a ter uma dor forte que o incapacita de chutar a bola. Imagine que esta lesão foi causada porque este jogador não fortalece o abdômen para praticar o esporte e isto que gerou a dor.
Quando temos este tipo de lesão, a maioria das pessoas costumam focar na dor. Usam remédios, fazem repouso até passarem os sintomas. E depois….
Bem, depois voltam a jogar futebol e se lesionam de novo.
Aí que está o problema.
É preciso mudar a chave e tentar corrigir a fraqueza do músculo abdominal deste paciente. Caso contrário ele estará fadado a sofrer, e muito, nas tentativas frustradas de voltar ao esporte.
Uma dica: Não foque na dor, foque em encontrar a causa dela. Melhorar a dor será a consequência do ajuste fino que o seu corpo está precisando.