Tendinite glútea: A dor que não sai da lateral do quadril

A tendinite glútea é uma causa comum de dor no quadril.

Ela pode gerar dor por anos se não forem realizados o diagnóstico e o tratamento corretos. Antes de entender o que é a tendinite glútea, saiba de alguns princípios básicos.

O que é tendinite?

Tendinite é o termo genericamente usado para descrever uma inflamação ou irritação de um tendão.

Os tendões são estruturas que ligam os músculos nos ossos, sendo importantes para a realização de todos os movimentos no corpo.

A tendinite costuma iniciar em pessoa que:

  1. Realizam esforço além do que o organismo aguenta, como nos movimentos repetitivos de certos trabalhos.
  2. Apresentem fraqueza muscular, como na prática de exercício físico sem o fortalecimento devido.
  3. Possuem alguma alteração de postura ou de formato dos ossos, como joelhos tortos, desvios de coluna, falta de alongamento ou diferença de tamanho das pernas.

Os sintomas genéricos de quem sofre com tendinite são:

  1. Dor e rigidez, que podem piorar com o movimento do corpo
  2. Dor que piora a noite
  3. Inchaço no local da inserção do tendão

Agora que você já sabe o que é uma tendinite, vamos aprofundar um pouco em relação a tendinite do quadril.

Tendões do quadril

O quadril apresenta três principais tendões que podem sofrer inflamações e contribuir para a ocorrência de dor na lateral do quadril. Eles fazem parte dos músculos glúteos e são divididos em máximo, médio e mínimo.

Músculos glúteos

Estes músculos são importantes para o equilíbrio da bacia e coluna quando ficamos em pé, subimos escadas ou rampas. Além disso, eles realizam o movimento de abertura das pernas, chamado de abdução.

Caso ocorra a ruptura do tendão ou fraqueza, a pessoa caminha mancando com inclinação do corpo para o lado.

Este tipo de caminhar é chamado de marcha em Trendelenburg e lembra muito como os pinguins andam.

Marcha em Trendelenburg

Apesar dos músculos glúteos serem importantes, muitas vezes esquecemos de fortalece-los ou os sobrecarregamos além do limite. Nem mesmo os atletas são poupados.

Quando isto ocorre, a inflamação no tendão pode ocorrer gerando a tendinite glútea.

Entenda tudo sobre a tendinite glútea

A maior causa de tendinite glútea é o desequilíbrio muscular. Neste sentido, as mulheres saem com uma grande desvantagem.

A tendinite glútea pode acometer uma entre cada 4 mulheres acima de 50 anos.

Isto se deve ao fato de que a pelve da mulher apresenta um formato único.

Os ossos da bacia de uma mulher apresentam uma abertura muito mais larga por causa da gestação e do canal do parto. Apenas com um olhar na bacia é possível diferenciar uma pelve feminina da masculina.

Observe na figura abaixo:

Pelve masculina e feminina

Isso faz com que as mulheres tenham uma grande predisposição a desenvolver inflamação nos tendões do quadril, pois eles ficam constantemente tensos e devem fazer muito mais força que o normal.

Mas isso não significa que a tendinite é uma doença exclusiva do sexo feminino.

Quando ela acomete os homens, geralmente vem como acompanhamento de outra doença, como por exemplo a artrose.

Sintomas da tendinite glútea

Quem sofre de tendinite glútea pode apresentar os seguintes sintomas:

  • Aumento de sensibilidade na lateral do quadril, principalmente ao apertar
  • Dor ao deitar-se de lado, independente se é sobre o lado com tendinite ou não
  • Dificuldade para subir e descer escadas
  • Desconforto para permanecer muito tempo sentado ou em pé, podendo mancar nos primeiros passos logo após levantar-se da posição sentada

O que provoca a tendinite glútea?

  • Pessoas com pelve larga ou lateral do quadril mais proeminente, o que explica a incidência maior em pacientes do sexo feminino
  • Alteração de comprimento entre as pernas, com desequilíbrio muscular por sobrecarga maior na lateral de um quadril
  • Esforço repetitivo, principalmente com atividades de esportivas
  • Sobrecarga de peso e obesidade
  • Envelhecimento do tendão
  • Fraqueza muscular
  • Pessoas que fazem atividade física em planos inclinados, como correr em subida

O diagnóstico da tendinite glútea

Qualquer tipo de dor em musculatura ou articulação deve passar por avaliação de médico especialista.

A dor é uma resposta do organismo para se proteger de algo que está interferindo no seu funcionamento normal. Sem ela não teríamos um sinal para nos protegermos de possíveis agentes agressores.

Através da dor conseguimos realizar o diagnóstico correto e só então propor o melhor tratamento para cada caso.

Além dos sinais de tendinite glútea descritos acima, outro dado de muita relevância é o exame físico do paciente.

Quem apresenta tendinite do quadril geralmente apresenta dor na lateral do quadril que é palpável no exame.

Dificuldade de movimentação do quadril, dor profunda ou na virilha não fazem parte da tendinite e devem ser investigadas.

É indicado a realização de radiografia para observar o formato da bacia, alteração de cartilagem como desgaste e descartar a possibilidade de tumor.

Também se recomenda a confirmação da lesão no tendão através de ultrassonografia ou ressonância. Estes exames também servem para descartar a possibilidade de outras lesões como tumores ou ruptura completa do tendão.

Dicas de ouro

  1. Evite iniciar qualquer tipo de exercício físico sem uma prévia avaliação da estrutura corporal, pois pode existir alguma disfunção que desequilibra a musculatura e gera inflamação.
  2. Insira exercícios de impacto de forma gradativa. Ao iniciar uma atividade física, comece devagar para que o corpo consiga compensar o esforço com fortalecimento da musculatura.
  3. Cuide com o volume do treinamento. Muito volume associado a algum tipo de disfunção é o casamento perfeição para gerar lesão no tendão do músculo glúteo.
  4. Evite passar muito tempo sentado. Caso esteja trabalhando, se levante de hora em hora, ande um pouco e movimente o quadril.
  5. Faça alongamentos para manter um bom comprimento muscular e evitar contratura do músculo.
  6. Corrija possíveis diferenças entre as pernas que podem gerar alteração das forças musculares no quadril.
  7. Realize exercícios de equilíbrio ou funcionais, como cama elástica, meia bola, ficar apoiado em uma perna.

Dica de platina

Entender como o músculo reage para tentar cicatrizar o tendão.

Se a dor no quadril permanecer por muito tempo, o músculo glúteo ficará mais tenso na tentativa de ajudar.

Mas, esta reação gera mais tensão no tendão que piora a tendinite.

Isso gera dor, que contrai o músculo, que tensiona o tendão e novamente gera dor, num ciclo interminável de lesão.

Contratura

Muitas mulheres sofrem de dor na lateral do quadril por nunca entenderem este processo. A dor só desaparecerá quando os músculos do quadril estiverem equilibrados, alongados e fortalecidos.

Para isso, no início do tratamento é necessário controlar a dor para alongar a musculatura. Isto pode ser realizado pelo uso de medicação e com algumas técnicas de fisioterapia.

Quando a dor não cede com o tratamento, pode ser necessário a aplicação direta de medicação no local da inflamação através de infiltração.

A infiltração não cura a lesão, apenas permite um controle maior da dor por 30 a 40 dias. Neste período, o paciente deve intensificar o alongamento e a reabilitação.

Apenas numa minoria de casos está indicado o tratamento cirúrgico.

Como a tendinite glútea está ligada a um desequilíbrio muscular e disfunção de musculatura, a reabilitação é a principal forma de tratar corretamente esse problema.

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