Todo atleta que sofre com dores no quadril normalmente enfrenta uma jornada bastante semelhante: ao surgimento dos primeiros sintomas, iniciam o tratamento conservador com medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos. Quando melhoram um pouco a dor, tentam voltar para a atividade. Após pouco tempo, estão com dor de novo.
Mas quando o tratamento com medicamentos não tem mais efeito e as dores passam a prejudicar a prática esportiva ou até mesmo a realização de atividades simples da rotina, o que atletas amadores e de alto rendimento podem fazer?
O primeiro passo é buscar um médico ortopedista especializado em quadril, que será capacitado para realizar uma avaliação minuciosa. Só depois disto, o início do tratamento será feito baseado na causa da lesão, ou seja, tentar tratar o problema na sua raiz ao invés apenas de tratar a dor.
O desequilíbrio das fortes estruturas ao redor da articulação do quadril, como tendões, ligamentos e bursas são a principal causa de dor no quadril em quem pratica esporte. Isto acontece porque o quadril faz uma importante ligação das pernas com o tronco. Qualquer mínima alteração pode gerar instabilidade e lesão.
Enquanto muitos atletas não têm indicação de cirurgia, para outros, a realização de procedimento cirúrgico, como a artroscopia do quadril, é a melhor opção para devolver a qualidade de vida, o desempenho esportivo e evitar com que uma lesão se torne crônica, ou até mesmo evolua para um desgaste de cartilagem.
As principais causas de dor no quadril em atletas
Artrose do quadril
A artrose do quadril é um tipo de artrite causada pela degeneração ou desgaste do quadril. O problema causa uma dor crônica tanto em atletas quanto em pessoas que não praticam esportes.
O incômodo ocorre com o passar do tempo, quando há o desgaste da cartilagem protetora da cavidade do quadril, e o movimento da articulação passa a ocorrer sem a proteção da cartilagem envolvendo o osso, o que causa dor progressiva.
A dor tende a ser leve no início e se agravar com a evolução do desgaste.
Bursite do quadril
A bursite trata-se de uma inflamação na bursa, bastante comum em atletas corredores devido ao uso excessivo da articulação do quadril.
A patologia também pode ser causada por uma queda com trauma na lateral do quadril. A bursite é um problema que causa dor na realização de praticamente todos os movimentos, o que impede a prática de exercícios. A dor típica é relatada a noite, ao se deitar de lado sobre o quadril acometido.
Fortalecer a musculatura sem antes equilibrar o alongamento ou a descompensação gerada por uma atividade física, pode ser o primeiro passo para que a dor na lateral do quadril dure meses. Isto porque a maioria das atividades físicas geram algum grau de desequilíbrio no corpo.
Por exemplo, um jogador de tênis utiliza e sobrecarrega muito mais o braço dominante, o que gera uma desarmonia não só entre os membros superiores, mas na coluna e também nas pernas. Isto pode ser um fator desencadeante para estressar a musculatura na lateral do quadril e pressionar a bursa, ocasionando inflamação e dor.
Fratura por estresse
Uma patologia que também ocorre em corredores é a fratura por estresse, causada por microtraumas repetitivos que atingem o osso em um organismo que não consegue cicatrizar na mesma proporção ao que é exposto ao trauma.
Neste caso, o repouso sem o impacto da corrida costuma ser suficiente para que o osso se recupere e cure. Porém, existe a possibilidade da fratura se tornar completa e necessitar até mesmo de cirurgia.
Tendinite glútea
Ela é mais comum em mulheres por causa do formato mais largo do quadril e se assemelha muito com a bursite, por causar dor na lateral do quadril. Porém a dor da tendinite costuma ser mais importante para sentar e levantar, subir escadas ou rampas.
Outros fatores associados são: alteração do comprimento das pernas, esforços repetitivos (como em alguns esportes), sobrecarga de peso, envelhecimento do tendão, fraqueza muscular e atividade física em terrenos inclinados.
Pubalgia
Pubalgia significa dor na região da sínfise púbica, localizada entre o abdômen e as virilhas. Neste ponto temos a articulação do púbis e a inserção dos fortes tendões do abdômen e da musculatura interna da coxa – os adutores.
É um problema muito comum em atletas que jogam futebol ou fazem atividades que necessitem de arrancadas, mudanças bruscas de direção ou chutes.
Entre os fatores causais se encontram o desequilíbrio entre as tensões dos músculos que se inserem nesta região – abdominais e adutores – ou as lesões de cartilagem que podem ocorrer no púbis.
Impacto femuroacetabular
Trata-se de uma condição que resulta no encaixe anormal entre a cavidade da bacia e a cabeça do fêmur.
O impacto ocorre de duas maneiras diferentes:
- Impacto CAME: alteração de esfericidade da cabeça do fêmur, que ao invés de ser redonda, apresenta-se ovalada e achatada. Mais comum em homens.
- Impacto PINCER: excesso de cobertura da cavidade da bacia sobre a cabeça do fêmur. Mais comum em mulheres.
O resultado destas duas alterações é uma pressão aumentada na cartilagem lateral da cavidade da bacia que pode se romper.
O principal sintoma do impacto femuroacetabular é a dor durante o movimento do quadril. A dor é localizada na região profunda do quadril, geralmente anterior, e pode irradiar para a virilha.
A articulação lesionada faz com que o quadril sofra com:
- Dores locais para permanecer sentado
- Dificuldade de realizar movimentos simples da rotina, como cruzar as pernas, entrar no carro ou amarrar o sapato
- Alteração na marcha (ritmo de andar)
- Dificuldade para sentar ou levantar
- Adaptação errada com vício do movimento no esporte
O exercício pode ser um importante fator de piora, principalmente se houver grandes amplitudes de movimento do quadril, como no caso de chutes altos em lutas ou balé.
Artroscopia do quadril para atletas
Problemas como lesões no quadril estão bastante ligados à prática de esportes como corrida, ciclismo, vôlei, tênis, futebol, dança, ginástica artística e outros esportes.
Em um passado recente, grande número de jovens com dor no quadril durante a atividade física não tinham diagnóstico correto e alguns casos evoluiam para o desgaste. O médico atuava como espectador da piora da lesão da articulação, sem poder interferir no inevitável.
Hoje, sabe-se que muitos destes jovens atletas apresentavam uma doença ocasionada pela alteração do encaixe do quadro, chamada impacto femoroacetabular.
Os atletas com este tipo de lesão no quadril são os principais beneficiados da cirurgia de artroscopia no quadril.
Considerando as limitações no desempenho esportivo impostas pela lesão no quadril, o procedimento é uma ótima opção de tratamento para o impacto femoroacetabular com lesão do labrum, pois é capaz de realizar a correção da anatomia do encaixe da articulação.
Hoje, existem vários estudos que demonstram que a taxa de retorno ao esporte após uma videoartroscopia é acima de 90%. A fase de reabilitação após a artroscopia do quadril em atletas tem duração de cerca de 6 meses, podendo variar para cada caso.
Como funciona a artroscopia do quadril em atletas
A artroscopia do quadril é uma cirurgia minimamente invasiva, na qual são realizados incisões de 1 a 2 centímetros no quadril, para colocação de câmeras e instrumentos específicos utilizados para reparar a cartilagem e fazer o ajuste dos ossos do quadril.
A realização da artroscopia em atletas é indicada principalmente para aqueles que estão com excesso de osso na articulação do quadril, apresentam dor e limitação de movimento. Estes pacientes geralmente são adultos de 20 a 40 anos que praticam atividade física.
A artroscopia do quadril em atletas, quando há recomendação, é uma ótima solução para eliminar a dor e retornar a prática de exercícios físicos.
Um erro comum cometido por muitos atletas é aceitar a dor no quadril como parte da rotina e continuar a prática esportiva mesmo sem um diagnóstico adequado.
Muitos pacientes convivem com problemas no quadril por anos e buscam tratamento somente quando a patologia está impedindo a realização de movimentos.
Ter acompanhamento médico de um ortopedista especialista em quadril vai garantir que o atleta tenha tratamento adequado desde o início, impedindo que a lesão avance e exija tratamentos mais invasivos.
Diante da persistência de sintomas, procure um especialista!