Quais são os tipos de fratura do quadril?

A fratura no quadril tem como principal fator desencadeante, a osteoporose. Ela geralmente ocorre em pessoas acima de 60 anos. Mas esse não é o único fator que causa este problema em pessoas mais velhas. Baixo peso, falta de atividade física,  uso de corticóide, consumo de cigarro e álcool também podem atuar no enfraquecimento dos ossos para a ocorrência da fratura de quadril.

Estima-se que 1,6 milhão de pessoas sofrem fraturas no quadril todos os anos. E a previsão é que até 2050, com o envelhecimento da população, esse número pule para 6,3 milhões.

Além de todas as implicações graves que este dado aponta, a principal consequência está na qualidade de vida e nos riscos para o paciente. Para pessoas acima de 60 anos, o risco de morte é alto mesmo após um período de 8 anos da fratura.

Se você apresenta osteoporose, apresenta uma fratura no quadril ou conhece alguém com este problema, acompanhe o artigo para entender os diferentes tipos de fratura no quadril.

Como funciona a articulação do quadril

A articulação do quadril é formada pelo fêmur (parte do osso pélvico) e pela cabeça (extremidade redonda superior). No movimento natural, a cabeça redonda do fêmur se encaixa na cavidade do osso pélvico, formando a articulação.

Abaixo da cabeça do fêmur é onde se forma uma zona estreita conhecida como o colo do fêmur, e logo abaixo deste estão duas protuberâncias ósseas chamadas trocanteres – onde estão fixados os músculos fortes das nádegas e pernas. A estrutura óssea grande, lateral e mais alta, chama-se de trocanter maior, enquanto a estrutura pequena e mais interna, trocanter menor.

Depois de entender a composição dessa anatomia, é interessante saber que a maioria dos casos de fratura na articulação do quadril ocorre logo abaixo da cabeça do fêmur.

No entanto, uma fratura no quadril não é sempre a mesma coisa, havendo algumas divisões quanto a localização.

Acompanhe na figura, os principais pontos de referência anatômica para os tipos de fraturas de quadril. Não é tão difícil separá-los quando se entende o modelo na imagem.

Articulação do quadril

Conheça os diferentes tipos de fratura no quadril

Fraturas do colo femoral

As fraturas do colo femoral são aquelas que ocorrem logo abaixo da cabeça femoral, numa zona de estreitamento ósseo chamada de colo.

Fraturas do colo femoral

Este tipo de fratura é considerado grave, pois pode causar a interrupção de fornecimento de sangue para a cabeça femoral, fazendo com que o osso entre em colapso e desenvolva uma necrose. Se esta complicação acontecer, a cabeça do fêmur sofre alteração de formato e poderá surgir um desgaste com artrose e muita dor.

A falta de suprimento de sangue para o osso também pode impedir que ele se consolide, resultando em pseudoartrose – que é a falha de fusão de uma fratura. Nestes casos, uma reoperação é inevitável.

Fraturas intertrocantéricas

São fraturas que ocorrem através dos dois trocanteres, em uma região óssea que raramente ocasiona danos à articulação. Sendo assim, não é suficiente para causar lesões mais sérias, que comprometam o funcionamento do quadril.

Fraturas intertrocantéricas

Normalmente, as fraturas intertrocantéricas ocorrem em consequência de uma queda ou de impacto direto na região lateral do quadril.

Fraturas subtrocantéricas

São fraturas que ocorrem nos primeiros 5 centímetros abaixo do trocanter menor, mas não no meio do osso do fêmur. Elas são fraturas mais instáveis, pois estão em uma região de muita tensão, onde as inserções dos tendões deslocam fortemente os fragmentos quebrados.

Fraturas subtrocantéricas

Por este motivo, as fraturas subtrocantéricas podem não se consolidar após o tratamento cirúrgico. Necessitando assim de nova cirurgia.

Sintomas da fratura no quadril

A maioria das fraturas de quadril estão associadas a uma queda. Alguns estudos revelam que para determinadas pessoas a queda resulta em fratura, enquanto que para outras, a fratura ocorre primeiro e depois o paciente cai. Esta relação é dependente principalmente do grau de osteoporose que a pessoa tem.

Dependendo das condições da fratura, o paciente pode sentir dor profunda e não conseguir andar, ficar de pé ou até mesmo mover a perna. É o caso quando há  a separação de fragmentos dos ossos fraturados.

Nestas condições, a perna afetada pode parecer mais curta ou virar para fora quando o paciente se deita. Sendo bastante evidente que algo está muito errado.

Quando a fratura for pequena ou os fragmentos fraturados não se deslocarem, algumas vezes a pessoa sente apenas uma dor localizada e consegue se movimentar, pois a perna parece normal.

Quando o quadril está fraturado, o paciente geralmente sente dor profunda na virilha, podendo, em alguns casos, sentir que a dor está vindo do joelho. Isso ocorre porque as duas articulações – joelho e quadril – compartilham partes da mesma via nervosa, o que acaba causando a dor conhecida como dor referida.

O surgimento de inchaço e de hematoma (roxo) no local pode indicar o extravasamento de sangue da fratura ou de vasos sanguíneos adjacentes rompidos pelo trauma, no momento da queda.

A fratura do quadril é considerada uma fratura grave pois obriga o paciente a permanecer por um longo período na cama, aumentando o risco de desenvolver alguns problemas graves. Sendo que estes fatores de risco são mais comuns em pessoas idosas.

Alguns problemas que podem aparecer no decorrer do tratamento são:

  • Perda de músculo (atrofia)
  • Redução da forma física
  • Coágulos de sangue que podem obstruir as veias da perna – trombose venosa
  • Coágulos de sangue que se deslocam das veias da perna e atingem os pulmões – embolia pulmonar
  • Pneumonia
  • Úlceras de decúbito
  • Infecção urinária
  • Diminuição da função do coração e do pulmão

Diagnóstico da fratura do quadril

A primeira forma de diagnosticar a fratura do quadril é a avaliação médica, na qual o especialista vai, por meio das descrições do paciente, dos sintomas e do exame físico, basear a suspeita de fratura.

Depois disso, são realizados exames de imagens como raios-x, ressonância nuclear magnética ou tomografia computadorizada, sendo que a utilização vai depender das circunstâncias e características de cada caso.

Em circunstâncias em que a lesão é pequena e se os fragmentos da fratura ainda estão no local, a radiografia pode parecer normal e não indicar a fratura do quadril.

Nestes casos, o médico continua acompanhando a suspeita e pode ser necessário realizar um exame mais complexo, como a ressonância ou a tomografia.

Por isso, deve-se ter muito cuidado com pessoas com mais de 60 anos que apresentam dor no quadril, em especial aos que sofreram algum tipo de queda.

Tratamento para fratura de quadril

O tratamento da fratura de quadril normalmente é feito por meio de cirurgia.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a cirurgia possibilita que os pacientes voltem a andar o mais rápido possível, abreviando significativamente o tempo que elas permaneceriam acamadas. Isto reduz drasticamente aquelas complicações já mencionadas. Por isso, a cirurgia é tão indicada para estes casos.

No geral, dois procedimentos são recomendados para o tratamento das fraturas do quadril: a fixação com placa/haste e parafusos ou a substituição do local fraturado por uma prótese de quadril.

A decisão entre o tipo de cirurgia a ser realizada depende da idade do paciente e do tipo de fratura encontrada. Em fraturas intertrocantéricas e subtrocantéricas, utiliza-se placas ou hastes. Enquanto que nas fraturas do colo pode-se colocar placa, haste, parafusos ou prótese de quadril, dependendo da idade do paciente e do grau de deslocamento da fratura.

Em pacientes mais jovens, com fratura de colo, prefere-se o uso de placa ou parafuso. Assim, o paciente tem a possibilidade de permanecer com seu osso e articulação após a cicatrização da fratura.

Quando a prótese é utilizada, um dia após a cirurgia da fratura do quadril o paciente já consegue se levantar e andar com apoio de um andador. Por isso, esta cirurgia é recomendada em pacientes mais idosos, que se beneficiam de uma recuperação mais rápida.

Um dia após a cirurgia, a fisioterapia tem início, auxiliando no processo de reabilitação com exercícios desde que o paciente ainda está na cama, prevenindo trombose, melhorando a capacidade de respiração e ensinando o paciente a utilizar seu quadril com o componente da prótese.

A cirurgia da prótese de quadril consiste na inserção de componentes artificiais que substituem parcial ou totalmente a articulação.

Apesar de ter a vantagem de ter menor tempo cirúrgico e deslocamento, a prótese parcial se limita a pacientes com restrições de mobilidade ou idade muito avançada – 90 anos – pois a durabilidade deste material não é grande.

Independente do tipo de fratura, a fratura do quadril pode ser tratada e o paciente, incentivado a retomar à rotina gradualmente após o procedimento. A evolução da medicina permite que estes indivíduos consigam recuperar autonomia, o bem-estar e a mobilidade, vivendo uma vida sem dor.

Após o tratamento da fratura do quadril, é muito importante a investigação e o tratamento da osteoporose, para que não ocorram novas fraturas em outros locais.

Como você viu, a fratura de quadril representa um enorme desafio para o ortopedista. Por isso, a visão de um especialista é necessária para recuperar plenamente a rotina após uma fratura de quadril!

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