4 principais sintomas de rejeição de prótese de quadril

Estima-se que os EUA operem por ano cerca de 800 mil cirurgias de próteses de quadril e joelho. Uma das complicações mais temidas é a rejeição, presente entre 0,4% a 1,5% nestas cirurgias.

Quem possui uma prótese quadril deve sempre permanecer em alerta sobre quais são os principais sintomas de rejeição.

Vamos explicar todos eles aqui.

Você sabia que rejeição não é um termo correto para este problema?

Se procurarmos no dicionário, vamos encontrar que “rejeição” é uma reação de anticorpos a um órgão ou a tecidos enxertados no organismo.

Ou seja, o corpo reage contra um material externo, tentando expulsá-lo.

Porém, todos os materiais de implantes ou próteses da atualidade não são capazes de gerar esta reação. Eles são materiais inertes e permanecem no corpo sem desencadear resposta alguma.

Antes da descoberta do aço inoxidável, em 1913, os materiais implantados para fixação de fraturas geralmente apresentavam corrosão e eram rejeitados.

Hoje em dia, materiais de titânio, cromo-cobalto, cerâmica e polietileno, são aceitos pelo nosso organismo sem nenhum restrição.

Mas então o que acontece?

Na realidade, o termo correto é infecção.

Por vezes, aceitamos utilizar o termo rejeição e isto acabou se popularizando. Mas, a partir de agora você já sabe qual é a maneira correta de dizer.

Infecção quer dizer que existe a multiplicação de bactérias na região da prótese e isto não é nada bom.

Estas bactérias acabam se aderindo na prótese e formam uma capa protetora, também conhecida como biofilme, que não permite a entrada de medicação (antibiótico) capaz de mata-las.

Entenda como as bactérias se defendem da ação dos antibióticos através da formação do biofilme no vídeo abaixo:

Muitas vezes os casos de infecção só podem ser completamente resolvidos através da retirada ou troca da prótese infectada, acompanhado de dias de internamento com uso de antibiótico pela veia.

Entenda como a bactéria consegue chegar na prótese de quadril

A bactéria pode alcançar a prótese através de duas formas diferentes:

  • Penetração na ferida durante a cirurgia: As bactérias presentes na pele do paciente, na sala de cirurgia e no ar, podem alcançar o corte da cirurgia e aderir na prótese causando infecção.

    Por isso, existe um protocolo rigoroso de controle de infecção durante o preparo e realização do procedimento.

    E claro, o uso de antibiótico durante a internação.
  • A partir do sangue: As bactérias presentes em outras regiões do corpo, como pulmão, urina ou até mesmo no dente, podem cair na corrente sanguínea e gerar contaminação na prótese.
Cirurgiões em ação

Os principais fatores que contribuem para essa complicação são:

  • Idade avançada
  • Desnutrição
  • Artrite reumatoide ou psoriática
  • Obesidade
  • Diabetes melito
  • Infecção pelo HIV em estágio avançado
  • Presença de foco infeccioso à distância (urinária, dentária)
  • Infecção prévia
  • Tempo cirúrgico prolongado (superior a 150 minutos)
  • Necessidade de transfusão sanguínea
  • Fatores que retardam a cicatrização da ferida cirúrgica (necrose isquêmica, hematoma, celulite ou infecção de pele)

As infecções de prótese de quadril apresentam sinais característicos.

Saber reconhecer eles, pode fazer muita diferença para quem possui uma.

Os 4 principais sinais de infecção ou rejeição de prótese de quadril

1) Dor intensa

Dor no quadril

Todo paciente que se submete a um procedimento cirúrgico para colocação de prótese de quadril e apresenta dor intensa deve ser investigado.

Normalmente o pós-operatório desta cirurgia pode ser bem controlado com uso de medicação.

Dor forte, sem explicação, que não melhora com o repouso ou com o uso de medicação pode ser um indício de que há algo de errado no local da cirurgia e a infecção pode estar presente.

2) Febre

Pessoa com febre

Nem toda pessoa que apresenta infecção em prótese tem febre.

Isto acontece porque algumas bactérias têm crescimento lento e causam pouca reação no corpo. Porém febre sem explicação também é um sintoma preocupante para quem tem prótese.

A febre é um sintoma gerado pelo aumento de temperatura entre dois a três graus acima dos valores habituais, quando o organismo reage a alguma agressão.

Na infecção, esta elevação de temperatura favorece o sistema de defesa a livrar-se do agente agressor.

Para caracterizar febre, os seguintes critérios devem se seguidos:

  • De 37,3 ºC a 37,8 ºC: Febrícula
  • Acima de 37,8 ºC: Febre

3) Vermelhidão e calor

Calor e vermelhidão no quadril

Se o local da cirurgia se apresentar vermelho ou quente, principalmente poucos dias após o procedimento, uma avaliação cuidadosa deverá ser realizada.

Este pode ser um sinal de que há a formação de um abcesso.

O abcesso é uma cavidade com pus no seu interior e ocorre durante o primeiro processo de defesa do organismo.

Como o organismo gera uma grande resposta para a proteção do corpo, células de defesa e bactérias podem acumular em espaços do organismo e o resultado é o acúmulo de pus.

Caso nada seja feito e existir infecção, o próximo passo será a drenagem da secreção através de uma fístula, que é o sintoma seguinte.

4) Drenagem de secreção

Na tentativa de eliminar a bactéria, o corpo poderá drenar a secreção para o meio externo.

Saída de secreção vermelha escura ou purulenta, principalmente se acompanhada de mau cheiro, é um sinal muito importante.

Quando apresentar secreção ou existir suspeita muito grande de “rejeição” de prótese de quadril, um especialista deve realizar a confirmação do diagnóstico e iniciar o tratamento o quanto antes.

A apresentação destes sintomas e sinais depende muito das características da bactéria, se ela apresenta um crescimento lento ou rápido e de como o organismo está respondendo à infecção.

Bactérias com crescimento rápido geram mais sintomas e eles são mais intensos.

Já as de crescimento lento podem conviver instaladas na prótese por anos até gerar as primeiras manifestações.

Na suspeita de rejeição, exames de sangue devem ser coletados na busca de alterações inflamatórias e de células de defesa contra as bactérias.

Os principais exames laboratoriais são:

  • Hemograma completo: Pode sugerir infecção quando houver aumento considerável de células de defesa contra as bactérias, os leucócitos. Porém, em infecções crônicas, com bactérias de crescimento lento, este exame pode estar normal.
  • Velocidade de hemossedimentação, alfa 1 glicoproteína ácida e proteína C reativa: São provas inespecíficas de processo inflamatório, ou seja, retratam uma inflamação organismo, mas não são capazes de dizer se ela é uma infecção, muito menos o local que está acontecendo. Porém, associadas com os achados clínicos pode guiar na investigação e tratamento.
Sangue

O diagnóstico definitivo da infecção deve ser realizado através da análise do tipo de bactéria obtido a partir de material colhido durante a limpeza cirúrgica ou retirada da prótese.

Só assim podemos confirmar corretamente o diagnóstico e saber qual o antibiótico mais adequado para tratar a infecção.

A infecção, apesar de ser uma complicação preocupante, se tratada corretamente, apresenta boas chances de cura. E o mais importante, a vigilância na busca de prevenir que ela ocorra deve ser realizada ativamente em todo paciente.

Por isso, avaliação pré-operatória, controle de algumas doenças como diabetes e infecção a distância são fundamentais.

Algumas medidas preventivas já fazem parte da maioria dos protocolos de cirurgias:

  • Internação próxima à hora da cirurgia
  • Limpeza, esterilização e manuseio rigoroso dos materiais cirúrgicos
  • Manutenção das condições de limpeza, climatização adequada da sala operatória
  • Raspagem de pelos apenas ao redor da cirurgia e no momento da cirurgia (Nada de depilar em casa para operar)
  • Lavagem do local a ser operado com soluções antissépticas
  • Uso de antibiótico desde a hora da cirurgia até 24-48 horas após (Manter este tipo de medicação por mais tempo cria resistência nas bactérias)
  • Controle da temperatura corpórea e da glicemia (diabetes) em todo o tempo internado
  • Menor tempo cirúrgico possível com técnica adequada
  • Curativos cuidadosos realizados com controle de contaminação
  • Sair da cama o mais rápido possível
Prótese de quadril

Se você vai passar por um procedimento de prótese ou artroplastia de quadril deve observar atentamente as medidas de prevenção de infecção.

E se você já possui uma prótese, fique atento aos principais sintomas de rejeição de prótese de quadril: dor intensa, febre, vermelhidão, calor e saída de secreção.

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